Com amor eterno te amei…

Imagine a seguinte cena: Uma mãe imprime um desenho para a filha colorir. A criança, feliz da vida, apresenta sua obra de arte. Tudo pintado fora das linhas. Cores erradas. Preto para o sol. Rosa para o gramado. A mãe fica uma fera. Esboça duro sermão para mostrar à filha a grande besteira que ela fez. Conseguiu arruinar todo o desenho! Tudo estragado! Ao final do discurso reprovador, aplica uma moral de história sobre zelo, obediência, como fazer as coisas de maneira correta e, ainda, ameaça com um castigo daqueles de causar arrepios aos mais durões.

Imagino que consegui atrair sua atenção com a absurda história que acabo de contar. Pelo menos espero que todos a achem, efetivamente, absurda. Ora, toda mãe sabe, e há de concordar comigo, que esta reação seria absolutamente descabida. Muito ao contrário, penso que ao ver a pintura nas mãozinhas fofas da criança, com uma alta exclamação e com um rosto radiante, a mamãe não conseguiria se conter: Que coisa mais linda! Orgulhoso prazer brotaria no coração materno ao ver que a pequenina, que ainda ontem sujava fraldas, hoje é capaz de andar sozinha e criar o novo e o belo. Um ser mais pleno e mais digno de amor.

Ora, se nós que somos maus sabemos compreender o processo de aprendizagem que a vida traz a nossos filhos, por que teimamos em achar que o Pai Celestial nos daria pedra ao invés de pão? Não importa os erros que cometemos ao tentar pintar sobre os tortuosos traços da vida. Não importa, tão pouco, as estranhas cores que utilizamos na tentativa de demonstrar nosso vacilante amor. De maneira semelhante ao que fazem os amorosos papai e mamãe (Abba!), o Senhor tem afirmado, lindamente, pelos séculos: “com amor eterno de amei, por isso com benignidade te atrai.” (Jr. 31:3).

Você pode estar pensando que digo isto porque não sei quem você é ou o que você é capaz de fazer! É um equívoco. Sei quem você é e sei do que é capaz, pois sei quem sou e o que faço. Ainda assim, ouso afirmar que não há pecado que você ou eu possamos cometer que o amor de Deus não possa perdoar. Aos olhos do Pai, toda pintura de um filho é bela e toda história tem jeito. Basta que levemos a Ele a arte de nossas mãos. Ame ao Senhor e você vai conseguir obedecê-lo. Ame ao Senhor e não se preocupe tanto, não carregue o peso de seus erros sobre seus próprios ombros. Para os cansados, Seu julgo é mais leve. Aos oprimidos, alívio! A Sua Graça é o convite para fazer calar e sossegar a alma, como faz a criança, no colo de sua mãe. A Sua Graça nos basta!

Por Cayo César Santos – Presbítero da Igreja Presbiteriana do Planalto, membro do Centro Cristão de Estudos e colaborador na área de mentoria do Projeto Vocatio, em Brasília/DF. Autor dos livros “Século I: O Resgate” e “Século I: A Reconstrução”, Ed. Ultimato.

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