Confiança em dias de Corona

Olá a todos

A pedido de algumas pessoas quero compartilhar com você a respeito de reflexões que eu tenho feito nesses dias de isolamento social.

Estamos nos adaptando a um modo de viver que nos é novo. Um idoso me disse há alguns dias: “Eu sabia que isso um dia aconteceria, mas não imaginava que eu estaria vivo e passaria por essa situação.” Estamos assombrados.

De modo geral, eu percebo que estamos lidando bem com a imposição de nos distanciarmos das pessoas. Há um grupo de pessoas que vivem sozinhas e acredito que para estas há um pouco mais de dificuldade.

Fazendo uso da ideia de Zigmunt Bauman – sociólogo polonês- somos uma sociedade de muitos relacionamentos de rede e de poucos laços humanos. Somos uma sociedade que prevalece relacionamentos superficiais, assim, de certa forma, não ver alguém ou não abraçar alguém pode ser, para uma maioria, algo que não incomoda tanto.

Tenho visto nesse tempo famílias sendo fortalecidas, pessoas se descobrindo, antigas amizades sendo unidas novamente, pessoas se juntando virtualmente, se conectando. Graças à tecnologia que temos hoje. Tenho visto empatia, compaixão, cumplicidade… tenho visto amor.

Gostaria de permanecer meu olhar neste ponto, mas não é possível. Então quando me volto para outro ângulo também vejo famílias que não sobreviverão a este momento porque nunca estiveram dispostos a viver o grande desafio de se relacionar, de criar laços.

Há casais que terminarão sua quarentena com um documento de divórcio nas mãos porque só agora perceberam que é insuportável o fardo de negar a si mesmo em prol de fazer um outro feliz.

Outros chorarão o valor de alguém quando forem assombrados com a notícia de que aquela pessoa se foi e por medidas de precaução não haverá o momento de desabafo junto ao caixão.

Para outros, a quarentena vai resultar em dificuldades financeiras por dois motivos principais: 1) Porque tiveram sua renda reduzida ou extinta; 2) Porque não conseguiram se conter diante dos anúncios de promoções que estamos mais expostos nesse tempo.

Estamos em casa para não nos expormos ao vírus, mas, a verdade, é que este vírus está nos expondo. O Coronavírus está revelando quem nós somos quando não temos um acúmulo de opções para recorrer quando algo não vai bem.

Não há um bar aberto para sair, afogar suas magoas ou esquecer a “encheção de saco” de seu cônjuge, do seu patrão ou de quem quer que seja. Não há uma igreja aberta para você ir e desabafar com alguém, abraçar alguém, sorrir, sentir um alívio e voltar para casa fazendo de conta que tudo vai bem. Não há shopping aberto para você dar uma volta com os amigos, curtir um cinema e esquecer um pouco os problemas. O salão de beleza também não está aberto para você ir e contar sua versão da história e sair de lá com seu ego inflado.

Repito: O Coronavírus está nos expondo. E mais: Ele está marcando a nossa história.

Este tempo está nos mostrando aonde está nossa esperança, nossa confiança. Está revelando nossos fundamentos.

Pensando nisso, quero fazer referência ao Salmo 20:7: “Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus.”

A Bíblia, em ordem cronológica, coloca este salmo na época do reinado de Davi, mais especificamente antes da consumação do pecado que marcou sua história que foi o adultério com Bate Seba e o assassinato de Urias conforme descrito no livro de II Samuel.

Talvez você já esteja pensando aí, mas não existe data tão específica para os escritos bíblicos. De fato, não existe, no entanto, sei que não estou cometendo nenhum erro teológico ao conectar uma história a outra. Esta conexão faz sentido.

A primeira parte do versículo fala a respeito de confiança… de uma convicção veemente, de uma certeza apoiada em algo ou alguém. Carros e cavalos neste texto representam as forças militares da época. Aqui Davi clama sabendo que seus inimigos confiavam em exércitos alugados, mas ele afirma que sua confiança não está em seu exército extremamente treinado ou em seus recursos mais potentes da época que eram os carros e cavalos.

Alguns entre nós tem confiado em governos, médicos, ciência, receitas. Tudo isso é bom. Tudo isso pode ser instrumento de Deus para vencermos essa guerra biológica. Davi não dispensou o que ele tinha de recurso para ir para guerra, ao contrário, ele afirma que embora ele tivesse recursos a sua disposição o que faria diferença em sua vida era Deus.

No dia da decisão das eleições presidenciais eu fiz a seguinte afirmação, alguns se lembrarão: Hoje nós elegemos um governo para nossa nação, mas não podemos esquecer que quem governa nossas vidas é Deus.

Diante dos conflitos políticos que assistimos todos os dias eu quero te perguntar: Onde está sua confiança?

Eu te convido a colocar sua confiança no Senhor. Só Ele é vencedor invicto, só Ele pode lutar nossas guerras e vencer por nós, só Ele tem o domínio de todas as coisas, só Ele pode te ajudar, só Ele pode te abraçar quando você sentir que está só, só Ele pode te conduzir, só Ele pode te guardar.

Deus está nos confrontando. Ao sermos expostos percebemos o quanto dependemos de Deus. Ele não nos expõe para humilhar-nos, mas para nos conduzir a um caminho mais excelente. Deus nos expõe para que façamos menção do nome Dele, ou seja, que o nome Dele seja glorificado através das nossas vidas. Não foi assim com Jó?

É tempo de adaptação, não apenas ao isolamento social, à confinação, mas é tempo de nos adaptarmos à vontade de Deus para nossas vidas. É tempo de refletir quem realmente está no comando. É tempo de avaliar que tipo de pai, mãe, filho, amigo, funcionário nós somos.

É fato, o mundo não será o mesmo depois do Coronavírus. E minha expectativa é de que, de forma individual, nós também não sejamos.

Que não abandonemos os bons hábitos que estamos aprendendo nesses dias. O hábito de se conectar com Deus e com as pessoas que nos são importantes… que isso permaneça. Espero que você que está pensando em desistir de pessoas ou mesmo da vida possa entender que confiar em Deus é a melhor opção. Anseio que quando retornarmos às nossas atividades cotidianas nunca esqueçamos das lições aprendidas hoje.

E que, ao vencermos tempos difíceis que ainda estão por vir, possamos fazer menção do nome do Senhor. Que possamos levantar o nome de Deus através de nosso testemunho. Que possamos fazer alusão do Senhor da nossa história.

Que o Senhor assim nos abençoe.

Pra. Jaqueline Vaz

 

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